quarta-feira, 8 de setembro de 2010

«VIERA Y CLAVIJO»


Vapor misto de transporte (passageiros/carga) construído em Dundee, na Escócia, pelos estaleiros Caledon Shipsbuilding & Engineering Co., para a casa armadora Compañia de Vapores Correos Interinsulares Canários. À qual foi entregue em Fevereiro de 1912. O navio deslocava 1 465 toneladas e media 67,11 metros de comprimento por 9,15 metros de boca. O «Viera y Clavijo» podia deslocar-se à velocidade máxima de 11 nós, graças a uma máquina a vapor de tripla expansão, que desenvolvia uma potência de 695 cv. Além de carga vária (até 809 m3), este navio podia receber 176 passageiros. Durante o período em que ocorreu a 1ª Guerra Mundial, o navio foi alugado a vários clientes do seu armador, que o utilizaram no transporte de carvão entre os portos do norte da península. Mas o essencial da sua carreira foi o de assegurar o serviço interilhas no arquipélado das Canários e de realizar viagens periódicas aos territórios espanhóis da costa africana. Foi a bordo deste navio, durante uma viagem efectuada a 16 de Julho de 1936, entre Santa Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria, que o general Franco e alguns oficiais do seu estado-maior delineram planos para derrubar o governo republicano. Em Março do ano seguinte, o vapor «Viera y Clavijo» foi desviado por um grupo de mais de uma centena de militares (fiéis ao governo legal) e de políticos desterrados em Villa Cisneros, que conduziram o navio até ao Senegal, onde ele permaneceu até ao final da guerra civil. Entre os fugidos, encontrava-se o grande poeta canarino Pedro Garcia Cabrera, que, curiosamente, fora conduzido até ao seu exílio norte-africano no mesmo navio. Em 1940, depois da sua restituição às autoridades franquistas, o vapor sofreu importantes operações de restauro num estaleiro de Las Palmas, findas as quais ele voltou à sua actividade habitual. Mas, ainda nesse ano, foi abalroado pelo mercante português «Costeiro Terceiro», que lhe ocasionou avarias diversas, que o obrigaram a novas reparações. Do seu longo historial constam, ainda, um restauro estrutural profundo (1954-1956) e a venda (em 1976, quando já era um navio obsoleto) a uma firma holandesa, que lhe deu o nome de «Jomar» e o transformou em navio-museu. Foi desmantelado em 1984.

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