quarta-feira, 15 de setembro de 2010

«ROBERT E. LEE»


Vapor do Mississippi construído nos estaleiros de New Albany (no estado de Indiana) em 1866. Desenhado por De Witt Hill, o «Robert E. Lee» apresentava-se com o característico fundo chato das grandes embarcações fluviais que cruzavam o mais longo rio da América do norte. Deslocava 1 470 toneladas e media 87 metros de comprimento por 14 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 caldeiras a vapor, cuja força accionava duas grandes rodas de pás colocadas lateralmente e tapadas por resguardos protectores; sobre os quais foi pintado o nome da embarcação. O «Robert E. Lee», vocacionado para o transporte de mercadorias e de passageiros, oferecia a estes últimos instalações com um conforto e um luxo como nunca antes se vira no Mississippi. Nas suas melhores cabines foram utilizadas madeiras preciosas e louças caríssimas e o seu salão principal (onde os viajantes podiam restaurar-se e desfrutar de outros prazeres, como o do jogo, por exemplo) media 69 metros de comprimento e ocupava, assim, um espaço importante deste verdadeiro palácio flutuante. Espaço que foi decorado com lustres, móveis, tapeçarias e com outros objectos decorativos ou utilitários de tal sumptuosidade, que o «Lee» não tardou a ser alcunhado ‘o Monarca’. O singular rei do Mississippi assegurou, durante anos, uma linha mais ou menos regular entre as cidades de Nova Orleães e de Saint Louis, percorrendo, assim, uma distância de mais de 1 800 km. Um dos factos que concorreu para tornar o «Robert E. Lee» um barco quase lendário foi, precisamente, a corrida que ele disputou em 1870 -sob o comando do capitão John W. Cannon- com o seu rival «Natchez VI» no precurso descendente entre estas duas metrópoles. O «Lee» venceu a singular e arriscada competição, terminando-a após 3 dias, 18 horas e 14 minutos de navegação. Enquanto o seu adversário (que esteve encalhado 6 horas num banco de areia) atingia a meta quase 4 horas mais tarde. Em Setembro de 1882, o «Robert E. Lee» entrou num estaleiro para receber alguns trabalhos de beneficiação e uma pintura integral. Na madrugada de dia 30 desse mês e ano, pouco depois de ter deixado para trás Vicksburg e quando singrava na direcção de Nova Orleães, declarou-se um violento incêndio a bordo do «Lee», que a sua dedicada tripulação foi incapaz de extinguir. O seu comandante encalhou a embarcação, permitindo assim que muitos passageiros se pudessem salvar. Muitos outros viajantes foram resgatados das chamas pela equipagem do vapor «J. M. White», que acorreu prontamente ao lugar do desastre. De modo que, feito o balanço final, apenas houve a lamentar a perda de 21 vítimas. Para além da perda de uma carga de 500 fardos de algodão e quase todo o valioso espólio (incluindo o livro de bordo) de um vapor que marcou a história da navegação fluvial norte-americana. Do pouco que se salvou do património do «Robert E. Lee» figuram três magníficos lustres que foram oferecidos à igreja presbiteriana de Port Gibson, no estado do Mississippi e um outro que se encontra na catedral de Saint Louis (Missouri). Alguns outros objectos de menor dimensão figuram num museu de Jeffersoville (estado de Indiana) consagrado à navegação a vapor.

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