quinta-feira, 23 de setembro de 2010

«ST. LOUIS»


Paquete alemão pertencente à frota da companhia Hamburg-Amerika Line, a popular Hapag. Foi construído pelos estaleiros Bremer-Vulkan de Bremen em 1928. Deslocava 16 730 toneladas e media 175 metros de comprimento por 22 metros de boca. Tinha uma tripulação de 231 membros. O «St. Louis» podia deslocar-se à velocidade máxima de 16 nós e as suas cabines foram concebidas para acolher 973 passageiros. Era um dos paquetes alemães que, em 1939, fazia serviço na linha Hamburgo-Halifax-Nova Iorque, quando, surpreendentemente, foi requisitado pelo regime nazi para transferir para os Estados Unidos, via Cuba, um numeroso grupo de judeus ricos. Estes -num total de 937 pessoas- foram obrigados a pagar os bilhetes para a viagem libertadora a preços proibitivos e a entregar ao estado alemão todos os bens móveis e imóveis que possuíam no país. No navio, que largou do porto de Hamburgo no dia 13 de Maio de 1939, viajavam igualmente seis espiões da Abwehr, encarregados de vigiar tão insólitos passageiros (cuja libertação devia servir os interesses imediatos da propaganda hitleriana), mas também de colher, em Havana, informações sobre a defesa americana. Chegados à grande ilha caribenha, os passageiros do «St. Louis» foram proibidos de desembarcar (apesar de todos disporem de vistos passados pela embaixada de Cuba na Alemanha), devido a uma nova legislação sobre a emigração e a outras dificuldades de natureza administrativa. Face à manifesta má vontade das autoridades norte-americanas e canadianas em receber os refugiados nos seus países, o navio germânico regressou à Europa, onde chegou em meados de Junho. Várias nações (Bélgica, Países-Baixos, França e Reino Unido) aceitaram acolhê-los. Mas, com o estado de guerra que acabou por se instaurar entre a Alemanha e os países nomeados, todos esses homens, mulheres e crianças acabariam por ser detidos pelas forças nazis de ocupação e enviados para os campos de extermínio. À excepção, naturalmente, daqueles que tiveram a sorte de desembarcar em Inglaterra, que sobreviveram, todos eles, ao holocausto. Quanto ao paquete «St. Louis», funcionou como navio-hotel entre 1940 e 1944. Neste penúltimo ano de guerra, o paquete sofreu danos importantes causados pelos bombardeamentos aliados do porto de Kiel, onde se encontrava fundeado. Reparado, ainda navegou até 1952 com pavilhão da R.F.A., sendo nesse mesmo ano desactivado e desmantelado num estaleiro de Hamburgo.

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