domingo, 22 de agosto de 2010
«SANTA-ANNA»
Navio dos Cavaleiros de São João de Jerusalém lançado à água em Nice (França), no dia 21 de Dezembro de 1522; data que, curiosamente, coincide com a da tomada de Rodes (então sede da ordem dos Hospitalários) pelas forças turcas de Solimão II, o Magnífico. O «Santa Anna», de propulsão mista (velas/remos), foi construído para substituir o «Santa-Maria», antigo navio-almirante do sultão do Egipto, capturado pelos cristãos e transformado em capitânea da frota dos Cavaleiros de São João; navio que explodiu (na sequência de um acidente ocorrido no seu paiol), quando se encontrava sob o comando de Jacques de Gastineau, comendador do Limousin. Este altaneiro navio -uma carraca- tinha uma guarnição de 500 homens, estava poderosamente armado (50 canhões e numerosas outras armas de fogo de pequeno calibre) e dispunha de equipamentos jamais vistos numa outra nave : uma forja (que dava trabalho a três ferreiros), um moinho, fornos, onde era moído o cereal e cozido o pão necessário a toda a sua tripulação (forçados incluídos) e até um jardim. O «Santa-Anna» foi também um dos primeiros navios da história naval a ser couraçado, visto o seu casco ter sido envolvido por uma placa de chumbo. Distinguiu-se na luta contra a frota otomana, principal inimiga da Ordem, e contra os piratas barbarescos. Em 1532, esteve -sob as ordens de Andrea Dória- na expedição vitoriosa do Peloponeso; e, em 1535, foi um dos navios dos Hospitalários que reforçou a frota do imperador Carlos V, que atacou Tunis, onde os cristãos conseguiram capturar ou destruir mais de 100 navios corsários magrebinos. Curiosamente, o «Santa-Anna» foi desmantelado, em 1540 (por decisão do Capítulo Geral da ordem), por motivos de natureza económica e também por ser demasiado grande para poder entrar nalguns dos portos controlados pelos futuros Cavaleiros de Malta.
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