sábado, 7 de agosto de 2010
«NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES»
Conhecida no mundo inteiro (sobretudo nos meios da arqueologia marinha) como a ‘nau da pimenta’, este navio da companhia das Índias foi, muito provavelmente, construído na Ribeira das Naus, em Lisboa. Deslocaria entre 1 100 e 1 600 toneladas e teria 68 metros de comprimento. A «Nossa Senhora dos Mártires» zarpou da capital do império, rumo a Goa, a 27 de Março de 1605, sob o comando de Manuel Barreto Rolim, integrada na armada de Brás Teles de Meneses. Chegou à Índia em fins de Setembro do mesmo ano e, depois de ter carregado 250 toneladas de pimenta e outras mercadorias preciosas (porcelanas da China, por exemplo), fez-se à vela para a Europa a 16 de Janeiro de 1606, na companhia da nau «Nossa Senhora da Salvação». A torna viagem decorreu sem incidentes até à chegada as costas portuguesas, onde os dois navios se perderam em circunstâncias trágicas. Depois de ter fundeado na baía de Cascais, onde a «Nossa Senhora da Salvação» fez naufrágio (sem perdas humanas), a «Mártires» tentou forçar a barra do Tejo num dia (14/09/1606) particularmente tempestuoso. Açoitada (em plena vazante) por chuva rija e fustigada por ventos quase ciclónicos, a nau de Rolim foi atirada contra o esporão rochoso denominado Ponta da Lage (a curta distância do forte de São Julião da Barra), onde se destroçou completamente. No naufrágio morreram mais de 200 dos seus tripulantes e passageiros e perdeu-se parte substancial da carga. A pimenta transportada provocou -durante muitos dias- uma verdadeira maré negra, que os habitantes de Carcavelos e de outras zonas ribeirinhas se apressaram a pilhar, apesar da vigilância apertada dos oficiais régios e de militares. Pesquizas arqueológicas recentes permitiram recuperar parte do espólio da «Nossa Senhora dos Mártires», sobretudo alguns dos seus canhões. Mas também astrolábios e outros aparelhos de ajuda à navegação, para além de porcelanas orientais, loiça de bordo, etc. Esses objectos foram mostrados ao público no Pavilhão de Portugal, aquando da realização da Expo 98.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário