domingo, 22 de agosto de 2010
«MICHAEL»
Encomendado pelo rei Jaime IV da Escócia aos estaleiros ingleses de New Haven (que o lançaram à água a 12 de Outubro de 1511), este navio de 1 000 tonéis (também conhecido pelo epíteto de «Grest Michael») gozou da fama de ser o maior vaso de guerra europeu do seu tempo. Media (segundo certas informações) 73 metros de comprimento por 11 metros de boca. Era um veleiro de quatro mastros, artilhado com 24 (e depois com 30) bocas de fogo, servidas por um corpo de artilheiros que compreendia 120 homens. Da sua guarnição faziam parte, igualmente, 300 marinheiros e 1 000 soldados. Um cronista da época -Lindsay Pitscottie- contou num dos seus escritos, que o «Michael» absorvera todas as reservas de uma floresta próxima do seu local de construção e que, para o acabar, se tornou necessário importar madeiras da Escócia, da Noruega, de França e de certas regiões ribeirinhas do mar báltico. O navio parece ter impressionado toda a gente pelo seu gigantismo, a tal ponto que o rei de Inglaterra se apressou a encomendar o «Henri Grâce à Dieu», para poder rivalizar com o soberano vizinho. O nome do navio foi-lhe dado em honra do arcanjo São Miguel, em previsão de uma cruzada que certos reinos cristãos queriam lançar contra o império otomano. Sabe-se que o navio esteve implicado, ao lado dos franceses, em vários combates navais contra a Ingleterra e que executou, em Agosto de 1513, um raide vitorioso contra o porto irlandês de Carrickfergus. Após a morte de Jaime IV e da fina flor da fidalguia escocesa na batalha de Flodden Field , o navio foi vendido à França por 40 000 libras e rebaptizado com o nome de «Grande Nef d’Écosse». Certos historiadores afirmam que o navio, desactivado, acabou por apodrecer no porto de Brest; outros pretendem que o antigo «Michael» ainda chegou a combater na batalha de Solent (travada, em 19 de Julho de 1545, perto da ilha de Wight), onde terá ajudado a afundar uma outra nave célebre : a «Mary Rose»…
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