domingo, 29 de agosto de 2010

«ALFERRAREDE»


Saíu dos estaleiros J. C. Tacklenborg , de Geestemunde, na Alemanha, em 1913 (certas fontes dizem 1905), para integrar a frota do armador Dampfs. Ges. Neptun, de Bremen, que o baptizou com o nome de «Pluto». Era um cargueiro com 2 118 toneladas de porte bruto, medindo 73,91 metros de comprimento por 11,02 metros de boca. O seu sistema propulsor (1 máquina de tripla expansão/1 caldeira com três fornalhas) desenvolvia uma potência de 700 cavalos. A sua velocidade de cruzeiro era de 7,5 nós, mas, em caso de necessidade, o navio podia atingir os 10 nós. Funcionava normalmente com uma tripulação de 26 homens. Em 1914, após a eclosão da Grande Guerra, refugiou-se no mar da Palha (com outros navios de bandeira alemã), por temer um ataque da marinha real inglesa. Foi aí, em frente de Lisboa, que o navio foi apresado por uma força armada, no dia 24 de Março de 1916. Acto hostil, que levou o império alemão a declarar guerra a Portugal pouco depois. Requisitado pela marinha de guerra, o navio recebeu o nome de «Sado» e foi equipado para funcionar como lança-minas. Depois do armistício, foi dispensado pela Armada e, em 1919, passou a fazer parte da frota dos Transportes Marítimos do Estado (TME), até que, em 1927, foi adquirido pela Sociedade Geral e baptizado com um novo nome : «Alferrarede». Executou muitos e variados serviços para essa conhecida empresa do grupo CUF, tendo ido, por exemplo, várias vezes à Terra Nova, de onde trouxe bacalhau para os portos do norte do país. Foi no decorrer de uma dessas suas viagens ao Canadá que o «Alferrarede» recolheu os náufragos do petroleiro holandês «Lucrecia», torpedeado e afundado pelo submersível «U-34», da marinha de guerra nazi. Um outro episódio importante da história deste velho navio ocorreu em meados da década de 50 (do século XX), quando o «Alferrarede», açoitado por ventos ciclónicos, foi atirado para a praia de Algés, onde encalhou. Resgatado por vários rebocadores do porto de Lisboa, o «Alferrarede» prosseguiu a sua carreira na frota da S. G., até que, em 1961, foi adquirido pela sociedade Sofamar, que lhe deu o seu derradeiro nome : «João Diogo». E o utilizou no tráfego costeiro, sobretudo no transporte de produtos siderúrgicos do Seixal para Leixões e de minério de ferro na viagem de retorno ao estuário do Tejo. Foi no decorrer de uma dessas carreiras que, a 8 de Janeiro de 1963, o navio encalhou na costa norte de Peniche por causa de denso nevoeiro. Considerado irrecuperável, por lá ficou até ser desmantelado.

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