sábado, 31 de julho de 2010

«SANTÍSIMA TRINIDAD»


O «Santísima Trinidad» foi o mais poderoso navio de linha da sua época. Construído no arsenal de Havana (em 1769) para a marinha real espanhola, foi armado com 136 canhões (número elevado para 140 em vésperas da batalha de Trafalgar), distribuídos pelas suas 3 (depois 4) cobertas. Este navio, que devido às ricas esculturas que o guarneciam (sobretudo à popa) foi alcunhado 'o Escurial dos mares', deslocava mais de 4 900 toneladas e media 63,36 metros de comprimento por 16,67 metros de boca. A sua guarnição, estabelecida inicialmente a 960 homens, chegou a atingir o número de 1 159 aquando da sua derradeira batalha. Além da marinhagem e respectiva oficialidade, havia também a bordo um corpo de fuzileiros. Esta autêntica fortaleza flutuante custou 40 000 ducados de Espanha, soma elevadíssima para o tempo. Quando em 1779 o governo de Madrid declarou (conjuntamente com a França) guerra à Inglaterra, por causa da questão da independência dos Estados Unidos, o «Santísima Trinidad», então navio-almirante da armada espanhola, foi enviado em operações para o canal da Mancha, onde, em 1780, participou na captura de um comboio inimigo de 55 navios. Dois anos mais tarde o navio foi transferido para o Mediterrâneo, tendo aí participado na batalha naval (indecisa) do cabo Espartel, ocorrida em 20 de Outubro de 1782. Depois, a «Santísima Trinidad» esteve presente na desastrosa batalha do cabo de S. Vicente, travada (também contra os ingleses) ao largo das costas algarvias a 14 de Fevereiro de 1797. Mas a data mais importante da história deste magnífico vaso de guerra (uma fragata) é a de 21 de Outubro de 1805, quando ele se viu envolvido -estando sob o comando do contra-almirante Baltasar Hidalgo de Cisneros- nos combates que se desenrolaram ao largo do cabo Tafalgar. Nesse dia a sorte foi particularmente adversa à coligação franco-espanhola, que ali sofreu uma derrota memorável. O «Santísima Trinidad», com mais de 200 mortos a bordo, foi capturado pelos ingleses e rebocado (como supremo troféu de guerra) para Gibraltar. Quis, no entanto, o destino poupar mais humilhações a este gigantes dos mares, que, apesar dos esforços do inimigo para o salvar, se afundou (três dias depois da batalha, a 24 de Outubro) a umas 25 milhas a sul do porto de Cádiz. No decorrer de uma expedição de arqueologia marinha, alguns dos seus canhões foram recuperados e ornamentam, hoje, o Panteão dos Marinheiros Ilustres (Cádiz).

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