sexta-feira, 30 de julho de 2010

«VERONESE»


Navio mercante de bandeira britânica, construído em 1906 pelos estaleiros Workman, Clark & Co. Ltd., de Belfast. O seu armador era a casa Lamport & Holt (com agente em Portugal), cuja vocação residia no transporte de passageiros e frete para as duas Américas. Com 7 542 toneladas de arqueação bruta, o «Veronese» media 141 metros de comprimento por 18 metros de boca. Navio mixto (carga/passageiros), esta unidade da L & H Line deslocava-se à velocidade de cruzeiro de 12 nós e dispunha de camarotees de 1ª classe capazes de alojar 50 passageiros e de cabines de classe inferior. O «Veronese» estava ao serviço da linha Liverpool-Buenos Aires, quando -em 16 de Janeiro de 1913- se preparava para entrar no porto de Leixões. Onde nunca chegou, já que o vendaval e o mar agitado o empurraram contra os rochedos do Lenho, na praia da Boa Nova (Leça da Palmeira), não muito longe dessa sua escala intermediária. O navio partiu-se ao meio (sem separação de partes, todavia), devido ao choque e às péssimas e persistentes condições atmosféricas que então reinavam nessa zona da costa portuguesa. Além de valiosa carga, o «Veronese» transportava 232 pessoas (das quais cerca de uma centena pertencia à tripulação), que era necessário resgatar. As operações de salvamento, que duraram três dias e duas noites e às quais assistiu muito povo, envolveram -além dos bombeiros, do Instituto de Socorro a Náufragos, das fprças policiais e militares- gente de Matosinhos, de Leça, da Afurada e, sobretudo, da Póvoa de Varzim, que montou um dispositivo (que compreendia cabos, barcos, um navio da Armada e outros meios) destinado a retirar os pobres náufragos do navio inglês. Mas a fúria do mar e a ventania (quase ciclónica) eram tão rijas, que foi impossível salvar a vida a 40 pessoas. Pouco depois, o navio foi considerado totalmente perdido pelo armador e pelas seguradoras e foi abandonado. A natureza encarregou-se de o desmantelar. Este drama do mar marcou muito a população local, mas a proximidade da Grande Guerra e das suas misérias acabaram por fazer esquecer a tragédia do «Veronese».

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