quinta-feira, 8 de julho de 2010

«SAN PEDRO DE ALCÁNTARA»


Construído nos estaleiros de Cuba entre 1770 e 1771, o «San Pedro de Alcántara» era um vaso de guerra de bandeira espanhola armado com 64 canhões. O que melhor se sabe sobre este navio está relacionado com a sua última viagem, que começou (em 1784) num porto peruano, e terminou desastrosamente -na noite de 2 de Fevereiro de 1786- nuns recifes da costa portuguesa junto a Peniche. O navio, que transportava 400 pessoas e carregava 600 toneladas de cobre, 153 toneladas de prata, 4 toneladas de ouro, valiosas porcelanas pré-colombianas e prisioneiros Incas (entre os quais se encontrava um descendente do imperador Tupac Amaru), fizera uma viagem atribulada com passagem pelo cabo Horn e escala no Rio de Janeiro, onde se submeteu a reparações. O porto de destino era Cádiz, mas um erro de navegação conduziu o navio 300 milhas mais a norte, onde naufragou, apesar da razoável visibilidade e do mar se apresentar calmo. No desastre perderam a vida 128 pessoas, entre as quais muitos dos tais prisioneiros ameríndios, que, muito provavelmente, se encontravam agrilhoados nos porões do «San Pedro de Alcántara». O naufrágio deste navio e o valor que ele continha, provocaram a mais importante operação de salvados ocorrida até então. De toda a Europa vieram campeões do mergulho em apneia (mais de 40, contratados pelo governo de Madrid), que recuperaram parte substancial da preciosa carga. Parte dessa valiosa mercadoria e alguns passageiros foram embarcados no «El Vencejo», navio espanhol que, desgraçadamente, se afundou na baía da Consolação, situada a sul de Peniche. Nesse segundo naufrágio, pereceram mais 92 pessoas. O soçobro do «San Pedro de Alcántara» deixou marcas na memória colectiva dos penicheiros, que construiram um altar na igreja de São Pedro em honra de Nossa Senhora das Dores e para lembrar as inúmeras vítimas de tamanha tragédia. O sítio da Papoa, onde se despedaçou o casco do navio espanhol -drama que comoveu os europeus do tempo- foi pintado pelo artista setecentista francês Jean-Baptiste Pillement.

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