sexta-feira, 11 de maio de 2012

«SAN GIORGIO»



Cruzador blindado italiano que participou nos combates de quatro conflitos importantes do século XX : a guerra italo-turca, a guerra civil de Espanha e as duas guerras mundiais. Foi construído e lançado à água (a 27 de Julho de 1908) pelos estaleiros de Castellamare (perto de Nápoles) e entregue à ‘Regia Marina’ em 1910. Deslocava 11 300 toneladas e media 131 metros de comprimento por 21 metros de boca. O seu sistema propulsor era constituído por 1 máquina de tripla expansão, 14 caldeiras e 2 hélices. A potência instalada era de 19 595 ihp, força que permitia ao navio atingir a velocidade máxima de 23,2 nós e de dispor de um raio de acção de 6 270 milhas náuticas com andamento reduzido a metade das suas reais possibilidades. O «San Giorgio», que tinha uma guarnição de 700 homens, incluindo o seu corpo de oficiais, estava armado com 4 canhões de 254 mm, 8 peças de 190 mm, 18 outras de 76 mm, além de contar com outras armas de menor calibre e com 3 tubos lança-torpedos de 450 mm. A sua couraçada protegia, essencialmente, a cintura lateral, o convés e as casamatas de artilharia. O «San Giorgio» (que tinha um gémeo no navio «San Marco») era uma versão melhorada dos cruzadores da classe ‘Pisa’. Esteve na Cirenaica (actual Líbia) aquando da guerra entre a Itália e o Império Otomano. Durante a Grande Guerra, este cruzador-couraçado operou no mar Adriático, participando na defesa de Veneza, cobiçada pelos autro-húngaros, e no bombardeamento da costa albanesa. Terminado esse conflito, o «San Giorgio» cumpriu algumas missões diplomáticas, fazendo visitas de cortesia a portos do Extremo Oriente e da África oriental. Depois, nos anos 30, foi enviado para águas da península Ibérica, onde esteve implicado no bloqueio das costas espanholas, quando Benito Mussolini decidiu dar o seu apoio militar aos franquistas. De 1937 a 1938, o navio recolheu ao arsenal de La Spezia, onde sofreu substanciais melhoramentos, sobretudo a nível do seu sistema propulsor e do armamento. Pouco antes da Itália se aventurar na 2ª Guerra Mundial, mas quando o ‘Duce’ já tencionava juntar-se aos hitlerianos no seu combate contra as democracias, o navio foi enviado para o norte de África, onde deveria assegurar a defesa de Tobruk contra as forças britânicas. Mas, quando estas se aproximavam da cidade, o navio acabou por ser afundado -a 22 de Janeiro de 1941- pela sua própria guarnição, que, assim, quis evitar a sua captura pelo inimigo. Antes, porém, dessa trágica peripécia, os artilheiros das peças AA do navio italiano haviam-se envolvido, por erro, num incidente que levou ao derrube do avião de Italo Balbo e à sua morte prematura. Este dramático acontecimento (ocorrido a 28/06/1940) teve repercussões mundiais, porque a vítima era uma figura carismática do regime fascista (foi governador da Líbia e ministro) e um dos heróis da aeronáutica transalpina e mundial. O «San Giorgio» foi reemergido em 1952, mas afundou-se definitivamente no Mediterrâneo, a 20 de Julho desse ano, quando estava a ser rebocado para a Europa e já se encontrava a cerca de 140 milhas náuticas de distância do porto de Tobruk.

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