quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

«BOIELDIEU»


Veleiro francês de três mastros aparelhado em barca. Foi construído em 1902 nos estaleiros de Chantenay, Nantes, para a casa armadora Société Nouvelle d’Armement, também ela com escritórios na dita cidade do sul da Bretanha. O «Boieldieu» foi assim baptizado em honra de um grande compositor do mesmo nome (autor, entre outras obras, das óperas «O Califa de Bagdad» e «A Dama Branca»), nascido em Ruão, capital da Normandia. Elegante navio de 3 100 tonéis, o «Boieldieu» tinha casco de aço e media 69,20 metros de comprimento por 12,20 metros de boca. Destinado à carga geral, este magnífico veleiro cruzou os mares mais longínquos e mais inclementes do mundo e efectuou várias passagens pelo temível cabo Horn. Os episódios mais salientes do seu historial do período pré-guerra foram, certamente, a temível tempestade que afrontou em 1904 e que o deixou vários dias à deriva (com o leme quebrado) no oceano Pacífico e o incêndio, em 1905, de um cais do porto de Oakland (Califórnia) que se propagou ao navio, causando-lhe avarias de monta. Em 1917, durante o 1º conflito generalizado, o «Boieldieu» (que estava armado, já que fora requisitado para o serviço de guerra pela armada gaulesa) foi protagonista de um curioso episódio : navegava no Atlântico, de conserva com outros navios amigos, quando foi abalroado acidentalmente pelo «Crillon». O veleiro desgarrou-se então do comboio que integrava, para ir reparar as avarias no porto dos Aliados mais próximo. No fim do dia, a sua guarnição foi informada de que quatro dos navios da formação que integrara foram metidos a pique por um submarino alemão. Tendo regressado à vida e actividade civis, o pouco sortudo «Boieldieu» sofreu novo desaire, quando -a 18 de Março de 1919- navegava no delta do Mississippi e se preparava para ganhar as águas livres do golfo do México. Esse acidente aconteceu quando rebentou o cabo do rebocador que o assistia, o que o fez derivar e ir encalhar num banco de areia, onde o navio francês permaneceu vários dias. Uma semana mais tarde, depois de o safarem da sua incómoda posição, o «Boieldieu», que vogava no canal da Florida, foi chocar com um recife chamado pelos locais Alligator Reef. Sem consequências graves. Este veleiro fez a sua derradeira viagem comercial em 1921. Nesse ano, foi conduzido ao canal de La Martinière, próximo de Granville, para ser desarmado. Foi desmantelado em 1927, depois de ter permanecido seis anos nesse autêntico cemitério de navios.

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