domingo, 24 de junho de 2012
«PUERTO RICO»
Paquete francês, propriedade da Compagnie Générale Transatlantique. Foi construído em 1914 pelo estaleiro de Grand Quevilly da sociedade Chantiers de Normandie. Era um navio com 6 116 toneladas de arqueação bruta, medindo 125 metros de comprimento por 15,60 metros de boca. Foi equipado com 2 máquinas a vapor de tripla expansão, desenvolvendo uma potência de 4 500 cv, e com 2 hélices. Podia navegar à velocidade máxima de 14,5 nós. Teve dois ‘sister ships’ : o «Haiti» e o «Marrakech», pertencentes ao mesmo armador. Colocado, inicialmente, numa linha que funcionava entre o Havre e Port-au-Prince (Haiti), este paquete usava, então, um característico casco branco. No seu historial, assinala-se o socorro prestado (em Junho de 1926) ao seu congénere «Louisiane», que, após ter sofrido avaria grave, andou à deriva ao largo de Colón (Panamá). Em 1929, recebeu importantes reparos nos estaleiros de Saint Nazaire e de Hamburgo, tanto a nível do casco como no que respeitou a sua maquinaria, que passou a funcionar a mazute. Nessa altura, recebeu o novo nome de «Meknès», uma pintura negra e, também, uma nova missão : assegurar a carreira Bordéus-Casablanca. Na qual o navio permaneceu até 1936, ano em que passou a assegurar uma linha entre o Havre e algumas cidades do Báltico. Em 1940, o ex-«Puerto Rico» foi requisitado pelas autoridades navais francesas e transformado em navio de transporte de tropas. Foi afundado a 24 de Julho desse mesmo ano, pouco depois de ter zarpado do porto inglês de Southampton, com 104 membros de equipagem e 1 180 passageiros. Estes últimos eram, essencialmente, civis repatriados do Reino Unido. O afundamento do paquete foi efectuado, ao largo de Portland e ao cair da noite, pela vedeta lança-torpedos alemã «S-27». Como se tratava de um transporte humanitário, o navio estava iluminado, como determinavam as convenções internacionais. Do naufrágio deste navio da C.G.T. (a famosa French Line) resultou a morte de 429 pessoas, sendo 396 delas passageiros de regresso a França. Os sobreviventes foram socorridos pelos navios «Drake», «Wolverine», «Sabre» e «Shikari», da ‘Royal Navy’. Acusadas de barbárie pela imprensa inglesa (mas não só), as autoridades da Alemanha nazi emitiram um comunicado, no qual se referia (como desculpa) que a partida do paquete e a natureza dos seus ocupantes não tinha sido oficialmente notificada pelas autoridades britânicas. Curiosidade : o caso do afundamento do «Puerto Rico»/«Meknès» voltou a ser notícia em 2009 (uns 60 anos após o seu dramático torpedeamento), quando um tribunal administrativo francês o reconheceu como ‘um acto de guerra’. O que permitiu à família de um dos sobreviventes do navio afundado receber a pensão a que tinha direito.
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