segunda-feira, 11 de junho de 2012
«ALEGRETE»
Construído em 1906 nos estaleiros Harland & Wolff, de Belfast (Irlanda do Norte), para a HAPAG (Hamburg-Amerika Linie), este navio chamou-se primitivamente «Salamanca» e operou na linha da América do sul. Quando rebentou a 1ª Guerra Mundial, refugiou-se no porto neutro do Cabedelo (Paraíba), onde foi confiscado, em data de 1 de Junho de 1917, pelo governo do Brasil, depois deste ter rompido relações diplomáticas com a Alemanha; isso, por causa das repetidas agressões dos submarinos germânicos à navegação nacional. Integrado, posteriormente, na frota da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, recebeu o novo e definitivo nome de «Alegrete», em homenagem a uma cidade homónima do estado do Rio Grande do Sul. O «Alegrete» deslocava cerca de 6 000 toneladas e media 120 metros de comprimento por 15,30 metros de boca. A sua máquina a vapor de tripla expansão desenvolvia uma força de 976 cv e facultava-lhe uma velocidade de cruzeiro da ordem dos 12 nós. Além de carga diversa (sua principal vocação) o «Alegrete» disponibilizava alguns camarotes para passageiros, tendo capacidade para receber a bordo 64 pessoas, incluindo os seus próprios tripulantes. Durante um tempo, este navio funcionou como Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante. Curiosamente, o seu historial continuou ligado à sua nacionalidade de origem, já que -em Maio de 1926- foi abalroado violentamente (quando se encontrava imobilizado num cais do porto do Recife) pelo seu congénere alemão «Elsie Hugo Stines», que lhe causou estragos de monta. E, a 1 de Junho de 1942, foi torpedeado, canhoneado e afundado, no mar das Caraíbas, pelo submarino tudesco «U-156», comandado pelo capitão de corveta Werner Hartenstein. Na altura do desastre, o «Alegrete» (em proveniência de Belém do Pará) fazia rota para Nova Iorque com um carregamento de café, cacau e óleos alimentares. Todas as pessoas viajando no navio brasileiro se salvaram (embora parte delas com ferimentos e queimaduras), graças às quatro baleeiras do «Alegrete». Alguns dos náufragos conseguiram atingir Porto of Spain (nas ilhas Trinidad e Tobago), outros foram parar a La Guaira (Venezuela) e outros, ainda, foram socorridos pelo contratorpedeiro norte americano USS «Tarbell», que patrulhava na zona. Curiosidade : a agressão contra o «Alegrete» é referida por Roberto Sander no seu interessante livro «O Brasil na mira de Hitler : a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas», publicado no Rio de Janeiro em 2007.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário