domingo, 27 de fevereiro de 2011

«FREDENSBORG»


Construído num estaleiro de Copenhague em 1753, este navio setecentista chamou-se inicialmente «Cron Prindz Christian», nome que lhe foi atribuído em homenagem ao futuro senhor dos reinos unidos da Dinamarca e da Noruega : Cristiano VII. Destinado ao tráfico de escravos, este navio de três mastros, armado com um número indeterminado de peças de artilharia, operou entre a chamada Costa do Ouro, onde adquiria a sua sinistra ‘mercadoria’, e as Caraíbas, onde a vendia (com elevados benefícios) aos proprietários de plantações de cana do açúcar. Abra-se aqui um parêntese para referir que o vergonhoso comércio de seres humanos não foi, como erradamente se pensa, prática exclusiva dos aventureiros ibéricos, franceses, holandeses e britânicos, já que, principalmente no século XVIII, essa chaga também manchou a reputação de países como a Alemanha, a Suécia ou a Dinamarca. O «Cron Prindz Christian» foi vendido em 1756 a um armador privado dinamarquês, que o rebaptizou com o nome de «Fredensborg» e continuou a utilizá-lo no famigerado comércio triangular. O navio afundou-se em águas rasas no dia 1º de Dezembro de 1768, na sequência de uma tempestade que o surpreendeu ao largo de Arendal, na costa sul da Noruega. Os restos deste navio negreiro foram encontrados (e devidamente identificados) em Setembro de 1974 por uma equipa de arqueólogos oceânicos. Entre eles figurava Leif Svalesen, um estudioso norueguês que haveria de escrever um livro muito interessante sobre o navio «Fredensborg» e sobre a participação dos povos escandinavos no comércio negreiro. Essa obra (publicada no ano 2000 pela Indiana University Press, com o alto patrocínio da UNESCO) intitula-se «Slave Ship Fredensborg».

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