domingo, 30 de janeiro de 2011
«SÃO SEBASTIÃO»
Nau setecentista da armada real portuguesa. Não foi o primeiro navio de concepção europeia construído na cidade do Rio de Janeiro (onde a indústria naval se iniciou em 1531 com a realização de dois bergantins), mas foi o primeiro a ser arquitectado no núcleo industrial que, em 1948, se transferiu para a vizinha ilha das Cobras e que é o actual arsenal da armada brasileira. O «São Sebastião», construído sob a responsabilidade de António Silva, era um navio de 1 400 toneladas, com as seguintes proporções : 59,60 metros de longitude; 15,50 metros de boca; e 13 metros de pontal. Foi construído em madeira de pinho Paraguaná, uma essência autóctone que se revelou excelente para a construção de navios. A madeira foi oferecida pelo mosteiro de São Bento e pelo convento do Carmo, proprietários das densas florestas que, ainda então, cobriam os arrabaldes da cidade. O «São Sebastião» recebeu o seu nome em honra do padroeiro da cidade do Rio, mas foi popularmente designado pelo apodo de ‘nau serpente’, pelo facto da sua proa estar ornamentada com um dragão. Apresentava a particularidade das suas cobertas terem uma altura de 2,55 metros, o que não era habitual nos vasos de guerra do seu tempo. Estava armado com 64 canhões (de vários calibres) e a sua guarnição completa compreendia 574 homens. A viagem inaugural da nau «São Sebastião», que se revelou ser um navio com excelentes qualidades náuticas, principiou a 19 de Agosto de 1767, dia em que zarpou da baía do Rio de Janeiro com destino à capital do Reino. O navio esteve implicado nos combates navais da guerra do Rossilhão e -quando pertenceu à Esquadra do Oceano, comandada pelo marquês de Nisa- em várias outras campanhas que tiveram lugar no mar Mediterrâneo. Foi a nau «São Sebastião» que levou para Espanha (em Julho de 1816) as infantas Dona Maria Isabel e Dona Maria Francisca de Assis, para ali contraírem casamento, respectivamente, com o rei Fernando VII e com o príncipe D. Carlos Maria Isidoro, irmão do soberano. Este navio também fez parte da esquadra que trouxe para Lisboa (em 1817) a princesa Dona Maria Leopoldina -filha de Francisco II de Áustria- que desposou o príncipe D. Pedro de Alcântara, futuro rei de Portugal e imperador do Brasil. Do navio «São Sebastião» sabe-se, ainda, que sofreu um grande restauro em 1807, que foi desactivada em 1818 e que foi desmantelada, no arsenal de Lisboa, no ano de 1832.
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Boa noite
ResponderEliminarVi este relato e lembrei-me que tenho comigo um documento original da Nau S. Sebastião por ocasião da sua primeira viagem. O documento do rio de Janeiro tem a data de 12 de Agosto de 1767 e refere a entrga de uma determinada quantia em dinheiro (800 mil reis ) destinados ao comerciante portuense Jose de Paiva Ribeiro. É um belo documento de bom paapel da época com selo real e três assinaturas.