quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
«PORTO»
Vapor de bandeira portuguesa construído -com o casco em madeira- num estaleiro de Plymouth (Inglaterra), no ano de 1836. A sua propulsão era assegurada por uma máquina de 150 cv, que accionava duas rodas laterais de pás. O «Porto» pertenceu à Empresa do Barco a Vapor, sedeada na Cidade Invicta, que o utilizou no transporte de carga e passageiros entre a grande metrópole do norte e a capital do Reino. Desconhecemos dados técnicos sobre este navio, cuja fama lhe advém do facto de ter protagonizado um drama pungente, ocorrido a 29 de Março de 1852 na foz do Douro. Foi aí, pois, que, nesse dia e nesse lugar, o «Porto» naufragou. Batido por fortes ventanias e perigosos aguaceiros, o navio, que se dirigia para Lisboa, fez meia volta por imediações da Figueira da Foz, com a determinada intenção de se colocar a salvo (com os seus passageiros) em Vigo ou no seu habitual porto de abrigo. Mas, ao tentar franquear a barra do Douro, o malogrado vapor de rodas foi (por razões obscuras, mas, de qualquer modo, ligadas ao temporal) encalhar na chamada Pedra do Touro, que, nesse tempo, distava de mais de 100 metros da terra firme. Devido à presença de muitos rochedos perigosos nessa zona, os socorristas não puderam prestar ajuda conveniente aos tripulantes e aos passageiros do «Porto» e evitar uma tragédia que ceifou 51 vidas : as de 36 viajantes e as de 15 tripulantes. Isto, porque, durante a vazante, o pequeno navio foi arrastado pela corrente e foi desfazer-se mais abaixo, na Pedra da Forcada. Este drama -o mais atroz que jamais ocorreu na barra do rio Douro- impressionou muito os Portugueses e disse-se dele que motivou uma visita ao Porto da própria rainha D. Maria II, que ali apresentou condolências à família das vítimas (algumas delas personagens ilustres) e promoveu o diploma que iria presidir à fundação do Instituto de Socorros a Náufragos da cidade, que, ao que parece, foi o primeiro criado na Europa. O drama do vapor «Porto» foi divulgado num livro intitulado «A Barra da Morte - A Foz do Rio Douro», da autoria de Rui Amaro.
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