sexta-feira, 26 de novembro de 2010
«PRÍNCIPE DE ASTURIAS»
Paquete espanhol pertencente à frota da Naviera Pinillos. Foi construído pelos estaleiros escoceses Russell & Co, de Glásgua, e lançado à água em 1914. Colocado na linha Barcelona-Buenos Aires, o «Príncipe de Astúrias» iniciou a sua viagem inaugural no dia 16 de Agosto desse mesmo ano, escassos dias depois de ter estalado o primeiro conflito generalizado. Era um navio de 16 500 toneladas de deslocamento (em plena carga), que media 136,24 metros de comprimento por 18,70 metros de boca e que se deslocava graças à força de 11 000 cv desenvolvida pelas suas máquinas a vapor de quádrupla expansão e à acção de 2 hélices. Podia atingir a velocidade máxima de 18 nós. Matriculado no porto de Cádiz, o novo paquete espanhol surpreendia pela sua modernidade, pelo luxo dos seus interiores e pelo conforto que proporcionava aos seus passageiros, sobretudo aos 150 que podia acomodar a 1ª classe. O «Príncipe de Astúrias» funcionava com 200 membros de equipagem e podia acolher a bordo 1 890 viageiros, distribuídos por várias classes. Ficou conhecido por ter transportado muitas centenas de emigrantes espanhóis (e não só), que decidiram tentar a sua sorte na Argentina e noutros países da América do sul. Mas, sobretudo, pelo tremendo drama que protagonizou -na madrugada de 5 de Março de 1916- ao ser arremessado (como se de um simples brinquedo se tratasse) contra os traiçoeiros recifes de Pirabura, na costa brasileira do estado de São Paulo, não muito longe do farol da Ponta do Boi e do porto de Santos; onde o navio deveria fazer uma das suas escalas habituais. O desastre produziu-se em consequência de violenta tempestade e no meio de nevoeiro cerrado, que reduzia a visibilidade a zero. Da tripulação e passageiros do paquete da Naviera Pinillos apenas se salvaram 143 pessoas. E perderam-se, oficialmente, 445 vidas. Mas há quem diga que o número de vítimas se aproximou do milheiro, considerando a elevada quantidade de passageiros clandestinos que viajavam, habitualmente, nesse transatlântico, conhecido como o ‘navio dos sem papéis’. Note-se, ainda e a título de curiosidade, que o navio transportava, além da sua carga humana, 40 000 libras de ouro e várias estátuas (algumas delas de grandes proporções) do general San Martin, que os espanhóis queriam oferecer à Argentina, pelo centenário da independência do país. E que uma das vítimas do naufrágio foi Luís Descotte Jourdan, avô do escritor Júlio Cortazar. Vários objectos provenientes do «Príncipe de Astúrias» estão, hoje, expostos no Museu Naval do Rio de Janeiro, instituição que consagrou (recentemente) uma exposição ao mais dramático desastre marítimo ocorrido nas costas brasileiras.
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