sábado, 9 de abril de 2011

«POURQUOI PAS ?»


O «Pourquoi Pas ?» -quarto do nome- foi um navio de pesquisa oceanográfica (e não só) colocado sob as ordens do comandante Jean-Baptiste Charcot, conhecido explorador polar francês. Foi construído em 1908 num estaleiro naval de Saint Malo (Chantiers François Gautier) e deslocava 445 toneladas. Apresentava-se sob a forma de um navio de três mastros barca, com 46 metros de comprimento fora a fora por 9,20 metros de boca. Tinha propulsão mista, já que para além do seu aparelho vélico, o navio dispunha de uma máquina auxiliar desenvolvendo 450 cv de potência. Velocidade máxima : 7,5 nós. A bordo havia 3 laboratórios e 1 biblioteca especializada. A sua equipagem eram constituída por uma quarentena de oficiais e marinheiros e por 4 ou 5 cientistas. Do rico historial deste «Pourquoi Pas ?», destacam-se uma viagem à Antárctida (1908-1910) e, posteriormente, várias missões científicas ao Árctico e ao Atlântico norte. O navio interrompeu a sua actividade durante o tempo que durou a 1ª Guerra Mundial, voltando aos seus cruzeiros de estudo em 1920. Entre esse ano e 1925, o navio cumpriu missões consagradas ao estudo de várias disciplinas (tais como, por exemplo, a litologia e a geologia submarina) no Atlântico norte, no mar da Mancha, nas ilhas Feroé e no Mediterrâneo. Em 1925 o comando do «Pourquoi Pas ?» foi retirado a Charcot -que até então cumulara essa função com a de chefe das missões científicas- por este ter atingido o limite e idade. O pesquisador permaneceu, no entanto, no navio como responsável do departamento científico. Em 1926, o veleiro esteve na Groenlândia, onde a equipa de Charcot procedeu à recolha de fósseis e, também, de amostras de insectos e de plantas da fauna e flora locais. Dois anos mais tarde, o «Pourquoi Pas ?» foi um dos navios que procuraram o hidroavião francês «Latham 47», que desapareceu no Árctico (com o famoso explorador sueco Roald Amundsen a bordo), quando a própria equipagem dessa aeronave pretendia localizar e prestar socorro à expedição do dirigível «Italia». Em 1934, o navio oceanográfico voltou Groenlândia, desta vez para apoiar a missão etnográfica chefiada por Paul-Émile Victor e, ao mesmo tempo, para fazer um estudo cartográfico detalhado das costas desta ilha árctica. Em Setembro de 1936, o «Pourquoi Pas ?» aparelhou da chamada ‘Terra Verde’, onde fora levar um lote de material científico à expedição de Victor. No dia 3 desse mês o navio fez escala em Reykjavik (capital da Islândia) para ali proceder à reparação da caldeira, zarpando desse porto, com destino a Saint Malo, no dia 15 de Setembro. Apanhado por ventos ciclónicos, ainda junto à costa da Islândia, o «Pourquoi Pas ?» foi despedaçar-se contra os recifes de Alftanes. No desastre pereceram todos os seus tripulantes (40 pessoas), à excepção de Eugène Gonidec, um dos pilotos do navio. O sábio Jean-Baptiste Charcot, que contava, então, 69 anos de idade, foi, naturalmente, uma das vítimas deste naufrágio, que muito emocionou a França e toda a comunidade científica internacional. Curiosidade : o nome do malogrado veleiro de Charcot foi dado a um moderno navio oceanográfico da IFREMER, uma prestigiada instituição francesa de pesquisas marinhas.

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