segunda-feira, 7 de março de 2011
«GASPAR»
Lugre bacalhoeiro português, com três mastros e casco de madeira. Foi construído em 1919 num estaleiro do Cabedelo (Figueira da Foz) pelo mestre Manuel Maria Bolais Mónica. Usou, no início da sua actividade, o nome de «Sarah» e teve como primeira proprietária a empresa Nápoles, Pinto Basto & Cª Lda, de Lisboa. Em 1922, foi vendido à Sociedade Novas Pescarias de Viana do Castelo, passando, desde logo, a usar o nome de «Gaspar». Sendo o segundo navio desta armadora a usar esse designativo. O navio tinha cerca de 318 toneladas de arqueação bruta e media 43,35 metros de comprimento por 8,80 metros de boca. Em 1938 as suas características sofreram algumas alterações, devido à introdução, a bordo, de um motor auxiliar de origem alemã. A equipagem normal do «Gaspar» era constituída por 9 homens e por 30 pescadores. Este lugre teve vários capitães, de entre os quais é justo destacar a figura de Manuel de Oliveira Mendes, um velho lobo do mar que nele serviu quase duas décadas. Depois de ter ido aos Grandes Bancos até 1948, o bacalhoeiro foi açoitado, nesse ano, por mar crespo e por um violento vendaval, correndo o risco de naufrágio. Na impossibilidade de salvar o seu navio -que derivava a cerca de 1 500 km ao largo do porto canadiano de Halifax- a equipagem do «Gaspar» viu-se constrangida a aceitar a ajuda proposta pelos navios USS «Cecil N. Bean» e «Tropero», que se haviam deslocado para a zona em que o bacalhoeiro luso se encontrava em dificuldade. Todos os homens do «Gaspar» foram desembarcados sãos e salvos nos E.U.A., regressando a Portugal de avião. A operação de salvamento dos portugueses mobilizou vários navios (de guerra e mercantes) e meios aéreos, num belo movimento de solidariedade. Um dos navios implicados na operação, o USCG «Bibb» acabou por afundar o infortunado «Gaspar» com alguns tiros de peça (em data de 19 de Setembro de 1948), pelo facto do que dele restava representar perigo para a navegação.
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