domingo, 13 de março de 2011

«ARNEL»


Navio de passageiros de bandeira portuguesa. Foi construído, em 1954, nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo por encomenda da Empresa Insulana de Navegação. Apresentava 1 025 toneladas de arqueação bruta e media 60 metros de comprimento por 10 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por uma máquina diesel de origem suíça, com 1 050 cv de potência, que lhe proporcionava 13 nós de velocidade máxima. Os seus alojamentos (reservados a três classes distintas) podiam receber um total de 144 passageiros. A tripulação do «Arnel» -que estava registado no porto de Ponta Delgada- era constituída por 32 pessoas. Prestou serviço de ligação entre várias ilhas do arquipélago dos Açores (transportando passageiros e carga) em simultâneo com o «Cedros», da mesma companhia. O «Arnel» teve um fim trágico : às primeiras horas de 19 de Setembro de 1958, com noite cerrada, o navio (que navegava entre as ilhas de Santa Maria e São Miguel) foi encalhar violentamente no chamado baixio do Anjo, na costa micaelense. Em resultado desse choque, abriu-se um rombo no casco do navio acidentado (junto à casa da máquina), que provocou a entrada de água e a subsequente paralisação do motor e o corte da corrente eléctrica. Temendo a rápida inundação do «Arnel», o seu capitão (muito instado pelos passageiros) mandou arriar uma balsa e permitiu que embarcassem nela 17 passageiros; que deveriam alcançar terra e solicitar socorros. Mas a baleeira virou-se, devido à agitação do mar, morrendo então 14 pessoas. Só três dos náufragos conseguiram atingir terra (a nado) e dar o alarme. Socorridos por inúmeras embarcações que acorreram ao lugar do sinistro, os passageiros que permaneceram a bordo do «Arnel» foram todos salvos. Esta tragédia, ocorrida há mais de meio século, marcou dolorosamente o povo ilhéu, que tem, desde sempre, uma relação de amor-ódio com o mar. Mar que tem sido, simultaneamente e durante séculos, o ganha-pão e o túmulo de muitos açoreanos.

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