sexta-feira, 17 de junho de 2011

«MARIE SÉRAPHIQUE»


Apesar do diário de bordo deste navio negreiro francês do século XVIII lhe ter sobrevivido e do dito conter vários desenhos do «Marie-Séraphique», a verdade é que não se conhecem as suas características exactas. O navio pertenceu a um consórcio de ricos negociantes de Nantes e, durante doze anos, entregou-se ao tráfico de escravos (originários, essencialmente, de Angola e do golfo da Guiné) destinados às plantações de cana do açúcar e de algodão das Antilhas e do sul dos Estados Unidos. O triste historial deste navio negreiro está consignado num livro de Bertrand Guillet (conservador e director adjunto do Museu de História de Nantes) intitulado «La Marie-Séraphique, Navire Négrier». É uma obra de «pesquisa rigorosa e de uma grande riqueza iconográfica», que revela ao leitor aquilo que foi esse comércio de seres humanos «encorajado pelo Estado e legitimado pela Igreja»; comércio que fez a fortuna de muitos armadores e investidores do tempo. Em França, mas não só. É também graças à leitura do supracitado livro que podemos tomar conhecimento sobre os navios negreiros do tempo, da maneira como funcionavam e como se vivia a bordo dos veleiros que se entregavam ao infamante ‘comércio triangular’. O fim do «Marie-Séraphique», assim como o nome do estaleiro que o construiu são-nos desconhecidos. Pareceu-nos, no entanto, que este navio merecia uma menção neste nosso blogue ‘Alernavios’.

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