sexta-feira, 17 de junho de 2011

«ENDURANCE»


Construído na Noruega pelos estaleiros Framnaes, de Sandfjord, que o lançaram à água no dia 17 de Dezembro de 1912, o inicialmente chamado «Polaris» era um navio de três mastros, com casco de madeira, desenhado por Ole A. Larsen. Deslocava 350 toneladas e media 44 metros de comprimento por 7,60 metros de boca. Dispunha de uma máquina a vapor com 350 cv de potência. A sua realização foi seguida, passo a passo, pelo mestre carpinteiro Christian Jacobsen, tido pelo mais competente e exigente da Noruega de inícios do século XX. Construído para afrontar as tempestades e gelos do Árctico, este sólido navio foi pertença dos exploradores polares Adrien de Gerlache e Lars Christensen, que pretenderam utilizá-lo em cruzeiros turísticos e como base de caça aos ursos nas regiões polares. Mas, desfeita a sociedade por razões de ordem financeira, o navio foi vendido, em 1914, a ‘sir’ Ernest Shackleton, que o utilizou como transporte e laboratório da sua expedição Imperial Trans-Antarctic. Baptizado «Endurance», o navio transportou Shackleton e os seus companheiros de aventura até Buenos Aires e, dali, até Grytviken, porto baleeiro da Geórgia do Sul. A sua viagem final começou a 5 de Dezembro de 1914, quando zarpou de de Grytviken rumo a uma ainda mais inóspita região situada a sul do mar de Weddell. Nessas lonjuras antárctidas o navio suportou ventanias medonhas e nevões jamais vistos e viu-se envolvido por uma espessa e mortal camada de gelo. Até que, em 27 de Outubro de 1915, não podendo suportar a pressão que o envolvia, o «Endurance» foi esmagado pela força brutal da natureza. A expedição Shackleton, constituída por 28 homens, acabou por escapar com vida do inferno branco, graças (em parte) às capacidades de chefia e à coragem galvanizadora do seu líder, protagonizando uma extraordinária odisseia, que os levou de volta (em 1917, num dos frágeis botes salva-vidas do «Endurance») até à Geórgia do Sul.

Sem comentários:

Enviar um comentário