domingo, 6 de outubro de 2013

«HENRIQUETA»

Este belo e rápido veleiro foi realizado -por volta de 1824- num dos estaleiros de Baltimore (E.U.A.), famosos pela qualidade da sua construção naval. Com casco de madeira e 2 mastros aparelhados em brigue, este navio media 27,70 metros de comprimento por 8,10 metros de boca e (em 1827) tinha uma equipagem de 38 homens. Parece ter sido lançado à água com o nome de «Griffen» e ter navegado até 1825 com pavilhão norte-americano. Nesse ano foi vendido a um traficando de escravos baiano, passando a usar o nome de «Henriqueta» e a hastear a bandeira do Brasil imperial. Calculou-se que em apenas seis viagens às costas de África, o «Henriqueta» tenha dali levado para o Brasil 3 360 escravos. Este navio acabou, no entanto, por ser arrestado -a 6 de Setembro de 1827- pelo «Sybille», um caçador de negreiros da armada britânica, que se encontrava sob o comando do tenente Francis A. Collier; oficial que, no seu relatório enviado ao Almirantado sobre esta sua captura, referia que o «Henriqueta» era um navio de 257 toneladas, armado com 3 peças de artilharia e que carregava 569 escravos. Devido às suas excelentes qualidades náuticas, o navio brasileiro foi integrado na marinha real britânica e comissionado para lutar contra o tráfico esclavagista. No seio da 'Royal Navy', este brigue recebeu o nome de «Black Joke» (terceiro do nome, a não confundir com homónimos) e foi integrado no Esquadrão da África Ocidental. A sua guarnição passou, desde logo, a compreender 34 elementos, entre os quais figuravam um cirurgião e uma força de fuzileiros navais. Durante a sua carreira no Atlântico, ao serviço da armada britânica, o antigo navio brasileiro capturou um número importante de embarcações piratas que se consagravam ao tráfico de seres humanos, figurando, entre elas, dois navios portugueses e várias outros arvorando bandeira espanhola. Em 1832, após uma minuciosa inspecção, o antigo «Henriqueta» foi dado como inutilizável e mandado queimar. Assim desapareceu um veleiro que, segundo Peter Leonard, um cirurgião da 'navy', foi o «navio que mais fez para acabar com o vil tráfico de escravos». Nota : a imagem anexada não representa o navio em apreço, mas um dos muitos negreiros que participaram no infame comércio.

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