domingo, 9 de junho de 2013

«ACONCAGUA»

Galera de 3 mastros e com casco de aço, pertencente à frota do armador francês Bordes, de Nantes. Este belo veleiro -construído em 1880 num estaleiro escocês, de Glásgua- chamou-se primitivamente «Nereus» e navegou, até 1893, com as cores da companhia inglesa Caird. Não lhe conhecemos as dimensões (comprimento e boca), mas sabemos que apresentava 1 910 toneladas de arqueação bruta. Foi o segundo navio da Bordes a usar o nome de «Acongagua», sendo, por essa razão e por vezes, chamado «Aconcágua II». Especializado no transporte de nitratos, este veleiro era visitante assíduo dos portos chilenos, para onde fez muitas viagens pela perigosa rota do cabo Horn. Teve uma carreira sem grandes percalços, até Janeiro de 1917. Em data indeterminada do ano de 1916, o «Aconcagua» zarpou da baía de Mejillones (situada a norte de Antofagasta, Chile) com um carregamento de guano. Depois de ter contornado o subcontinente, o navio fez-se à vela para norte, rumo à Europa em guerra, com o intuito de alcançar o porto francês de Rochefort. A situação causada pela beligerância da França e a aproximação de águas europeias fez o capitão Lévêque e toda a tripulação do veleiro redobrar a vigilância; porque uma surpresa podia surgir a qualquer momento. E foi isso que aconteceu às 21 horas do dia de Ano Novo, sob a forma de um submarino germânico. Este, o «U-70», colocado sob as ordens do capitão-tenente Otto Wünsche, imergiu em frente do navio gaulês e intimou-o a colher as velas. Os alemães identificaram o veleiro, inteiraram-se da natureza da sua carga e do respectivo destino e deram alguns minutos à sua equipagem para o abandonar. Esta, tomou lugar a bordo de dois escaleres e afastou-se do «Aconcágua», assistindo, a confortável distância, ao afundamento do seu navio a tiros de canhão. Este banal acto de guerra, ocorrido no primeiro dia de 1917, teve lugar no Perthuis d'Antioche, o braço de mar situado entre as ilhas de Ré e de Oléron. A escassas horas de navegação do porto de destino do malogrado veleiro. Os náufragos do «Aconcagua» -que, todos, escaparam sãos e salvos a esta aventura- foram recolhidos pelo vapor britânico «Highland Prince», que os desembarcou no porto inglês de Bixham; de onde a equipagem francesa foi, ulteriormente, repatriada para o seu país.

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