Navio-motor
realizado em 1943 no estaleiro da Murraceira, na Figueira da Foz, por Benjamim
Bolais Mónica, membro de uma ilustre família de construtores de navios. Destinado
ao serviço da Lusitânia – Sociedade Portuguesa de Pesca, da mesma cidade da foz
do Mondego, este bacalhoeiro tinha casco de madeira e um desenho que rompia com
o dos lugres em uso na frota de pesca portuguesa. Este navio, de 2 mastros,
apresentava 717,15 toneladas de arqueação bruta, media 51,50 metros de
comprimento e foi dotado com 2 máquinas Sulzer de 535 cv, que lhe
proporcionavam uma velocidade de cruzeiro de 10 nós. Estava equipado com luz eléctrica,
frigorífico, TSF e outra aparelhagem ausente nos seus predecessores. Também
tinha um castelo com espaço próprio para abrigar os dóris. Este pesqueiro teve um gémeo no navio
«Bissaya Barreto», pertencente ao mesmo armador figueirense. O seu nome foi-lhe
dado para homenagear Henrique Tenreiro, oficial da Armada e figura grada do
salazarismo, que ocupou, entre outros, os cargos de delegado do governo junto
do Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau e de dirigente da Junta
Central das Casas de Pescadores. Tenreiro atingiu o posto de contra-almirante e
exilou-se no Brasil (onde faleceu) em 1974, após o triunfo da revolução do 25
de Abril. Referentemente ao navio, diga-se que fez apenas duas campanhas de
pesca no Atlântico norte, pois perdeu-se nos mares da Groenlândia no dia 20 de
Junho de 1946, devido à sua colisão acidental com uma ilha de gelo. Toda a sua
tripulação (constituída por várias dezenas de homens) pôde ser salva pela
equipagem do já mencionado e idêntico navio-motor «Bissaya Barreto».
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário