domingo, 17 de março de 2013

«ORANJE»

O paquete «Oranje» foi lançado à água (amadrinhado pela rainha Guilhermina dos Países Baixos) no dia 8 de Setembro de 1938. Foi construído nos estaleiros de Amsterdão para a companhia Nederland Line, que proclamou -no final das provas de mar, que se prolongaram até ao ano seguinte- que o seu navio havia atingido a velocidade de 26 nós, o que o tornava o paquete mais rápido do momento. Previsto para ser utilizado nas ligações entre a Europa e as Índias Orientais Neerlandesas, o «Oranje» era um soberbo navio de 20 117 toneladas (de arqueação bruta), que apresentava as seguintes dimensões : 200 metros de comprimento por 25,50 metros de boca. Com 8 convezes, este navio estava equipado com maquinaria diesel, desenvolvendo uma potência global de 37 500 hp. Tinha 3 hélices. O seu espaço interno foi concebido para receber, essencialmente, 740 passageiros em excelentes condições de conforto. O navio partiu de Amsterdão a 4 de Setembro de 1939 (três dias depois da invasão da Polónia pelos exércitos hitlerianos) para a sua viagem inaugural; que devia conduzi-lo a Jacarta pela rota do cabo da Boa Esperança. Devido ao perigo incorrido pela movimentação dos japoneses (aliados dos nazis) naquela região do mundo, o «Oranje» foi encaminhado para Sidney e ali colocado à disposição das autoridades australianas. Que acabaram por transformá-lo em navio-hospital -com o mesmo nome e com a sua tripulação holandesa- e por usá-lo durante os anos de guerra. Foi nessas circunstâncias que o «Oranje» participou em campanhas de apoio às forças aliadas, que o levaram ao Próximo Oriente, à Índia e ao Pacífico. Para além do seu papel humanitário, o navio foi, ainda, um útil transporte de tropas, efectuando 41 missões dessa natureza. Com a paz, assinada em 1945, o navio voltou à Europa para se sujeitar a trabalhos de transformação, que lhe permitissem voltar à sua actividade comercial. Actividade que retomou em 1947. Em 1953, o «Oranje» sofreu um acidente aparatoso, ao colidir, no mar Vermelho, com o «Willem Ruyz», um outro paquete holandês, pertencente à frota da sua própria companhia armadora. Permaneceu na linha de Jacarta até 1957, oito anos após o reconhecimento pelos Países Baixos da independência da Indonésia. Mas manteve-se na carreira do Extremo Oriente e da Austrália até inícios da década de 60. Em Fevereiro de 1961 empreendeu uma volta ao mundo com cruzeiristas. Proeza que repetiu em 1964. Vítima, como praticamente todos os navios do seu tipo e do seu tempo, da concorrência dos transportes aéreos, o «Oranje» acabou por ser vendido (em meados da década de 60) a um armador italiano, que lhe deu o novo nome de «Angelina Lauro» e que o integrou na sua frota de navios de cruzeiro. Isso, depois de o ter submetido a trabalhos de modernização, que lhe alteraram a silhueta. Em 1977 manteve-se no negócio das viagens tirísticas, mas passou a navegar com as cores da casa armadora Costa Lines. Foi nessa qualidade que -a 30 de Março de 1979- o antigo «Oranje» foi vítima de um violento incêndio, que culminaria com o seu afundamento no mar das Caraíbas. Mas essa já é outra história...

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