terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

«BAEPENDY»

Este navio -um paquete- foi construído em 1899 nos estaleiros hamburgueses da firma Blohm und Voss. Pertenceu à frota da companhia alemã Hamburg-Südamerikanische, que o colocou na linha do Prata; onde operou até inícios da Grande Guerra com o nome de «Tijuca». Em 1914, o seu comandante recebeu ordens de Berlim para se refugiar num porto neutro, tendo o dito oficial optando por procurar abrigo em Recife (Pernambuco). O «Tijuca» permaneceu ali até 1917, ano em que foi confiscado (no dia 1º de Junho) com outros navios germânicos, em consequência do estado de guerra instalado entre o Brasil e os Impérios Centrais. Recebeu, desde logo, o nome de «Baependy» (em homenagem a uma cidade brasileira do estado de Minas Gerais) e passou a integrar a frota do Lloyd Brasileiro; casa armadora que o adquiriu oficialmente em 1925 e que o utilizou na sua linha costeira, depois de o ter fretado, durante algum tempo, ao estado francês. O «Baependy» era um navio com 4 800 toneladas, medindo 114,50 metros de comprimento por 14 metros de boca. Equipado com uma máquina a vapor de quádrupla expansão, este navio era capaz de navegar à velocidade de cruzeiro de 12 nós. Estava preparado para receber 450 passageiros (50 deles em 1ª classe) e uma tripulação de 60 membros. Em 1942, já em plena 2ª Guerra Mundial, as relações entre a Alemanha nazi e o Brasil degradaram-se visivelmente, pelo facto deste país da América do sul se ter alinhado sobre os Estados Unidos e, assim, contrariar os desejos de Hitler de fazer do subcontinente uma importante base estratégica do 3º Reich. Vários navios brasileiros foram, desde então, alvo de ataques dos submarinos tudescos. Foi o caso do «Baependy», que no dia 15 de Agosto desse fatídico ano de 1942 se cruzou, na costa de Sergipe (quando seguia de Salvador para Maceió), com o «U-507» (um submarino do tipo IX-C). O vapor brasileiro (que se encontrava artilhado) foi alvejado com dois torpedos, que o afundaram em apenas 2 minutos. Desse brutal ataque resultou a morte de 270 pessoas, das 306 que o paquete levava a bordo. Entre as vítimas encontrava-se o próprio comandante do navio, capitão-de-Longo Curso João Soares da Silva. Escusado será dizer que esta tragédia (um dos maiores dramas da história marítima do Brasil) teve grande impacto na opinião pública, que exigiu do governo «uma resposta firme e corajosa aos ataques dos germânicos». Em consequência dessa reacção popular, o governo abdicou -a 22 de Agosto de 1942- da sua neutralidade e proclamou o estado de beligerância entre o Brasil e a Alemanha nazi e a Itália fascista. Curiosamente, o governo brasileiro nunca declarou guerra ao Japão; pelo facto deste país da Ásia, membro do Eixo, nunca ter atentado contra bens do estado.

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