sexta-feira, 27 de setembro de 2013

«DOS AMIGOS»

Este veleiro (um brigue-escuna) foi construído por volta de 1830 num estaleiro de Baltimore, E.U.A.. Tinha casco de madeira e 2 mastros (pronunciadamente inclinados para a popa) e dedicou-se ao 'infame comércio', quer dizer ao tráfico de escravos entre as costas ocidentais de África e as Américas. Estava baseado na ilha de Cuba e usou, segundo a conveniência do seu capitão -um certo Juan Ramón Mujica- bandeira de vários países. O «Dos Amigos», era um navio de 172 toneladas, que media 27,40 metros de comprimento por 7 metros de boca e que desfraldava uma importante superfície vélica; o que fazia dele um navio rapidíssimo. Esta qualidade era vital para os negreiros, que, após as restrições internacionais do tráfico de seres humanos, deviam fugir lestamente dos navios da 'Royal Navy', que policiavam o Atlântico. Por outro lado, a grande velocidade destas embarcações permitia minimizar a mortandade de escravos durante a travessia do oceano e, assim, obter melhores rendimentos desse negócio imoral. O «Dos Amigos» foi capturado (em data não apurada) pelo navio «Black Joke», da marinha inglesa, ao largo da costa da actual República dos Camarões. Apreciado pelas suas excelentes qualidade náuticas, o navio negreiro em apreço foi acrescentado aos efectivos da 'Royal Navy' -onde usou o designativo HMS «Fair Rosamond»- passando desde logo, e por ironia do destino, a combater o contrabando de escravos no Atlântico. Atribuiu-se a este navio (agora armado) a captura de vários veleiros esclavagistas, nomeadamente a dos nomeados «Pantica», «Explorador» e «La Mariposa», cujas designações denunciam as suas origens ibéricas. Em 1845, o antigo «Dos Amigos» foi desclassificado pela marinha real britânica e vendido a um particular. A partir desse momento perdeu-se-lhe o rasto.

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