quinta-feira, 13 de novembro de 2014

«CHAMPOLLION»


Paquete francês pertencente à frota da Compagnie des Messageries Maritimes. Foi lançado ao mar pelos estaleiros navais de La Ciotat no dia 16 de Março de 1924 e sofreu, por duas vezes (em 1934 e 1951), grandes trabalhos de modernização; que descaracterizaram as suas linhas primitivas. Na sua derradeira versão, o «Champollion» apresentava (apesar dos seus 26 anos de idade) uma silhueta moderna, elegante. Este navio deslocava, então, 15 265 toneladas e media 168,05 metros de comprimento por 19,17 metros de boca. Após as suas últimas alterações, as máquinas deste navio passaram a proporcionar-lhe uma potência de 14 600 cv, que lhe garantiam uma velocidade de cruzeiro próxima dos 20 nós. O «Champollion» foi concebido para a navegação no Mediterrâneo e para assegurar ligações entre Marseilha, Alexandria e Beirute. Durante a 2ª Guerra Mundial, serviu como transporte de tropas e cumpriu várias missões por ordem das autoridades de Vichy, até que, em Novembro de 1942, foi capturado no porto de Argel pelos Aliados; para os quais o navio em apreço também fez viagens de transporte militar até 1946; ano em foi restituído aos seus legítimos proprietários civis. Ainda em 1946, notabilizou-se por ter levado para a Palestina emigrantes judeus (entre os quais se contavam 700 crianças) que sobreviveram ao martírio infligido nos campos de concentração nazis. Mas as suas missões para o exército prosseguiram (até 1951), pois ainda foi utilizado no transporte de tropas para a Indochina, norte de África e Madagáscar. Voltou definitivamente, em 1952, à vida civil após um longo período passado no estaleiro e retomou as suas ligações com o Levante. No dia 22 de Dezembro desse ano -quando cumpria um dos chamados 'Cruzeiros de Natal' promovidos pelo seu armador- este renovado paquete foi encastrar-se (por volta das 4 horas da manhã, quando demandava Beirute) nuns recifes situados não muito longe do porto de destino. O desastre teve duas causas distintas : a primeira ficou a dever-se a uma tremenda tempestade (com ventos de força 8 e invisibilidade completa); a segunda, ao facto da sua equipagem ter tomado os sinais emitidos pelo farol construído junto ao novo aeroporto da capital do Líbano (ainda desconhecido dos oficiais do «Champollion») pelas luzes daquele que auxiliava as embarcações que rumavam a Beirute. Quebrado em dois, o paquete francês não pôde ser auxiliado (devido às condições do tempo) nem pelos navios, que acorreram ao local depois de lançado o primeiro SOS, nem pelos meios reunidos em terra a escassas centenas de metros do navio. Só uma embarcação ligeira dos pilotos da barra (tripulada por alguns homens intrépidos) logrou aproximar-se do paquete em perdição e salvar alguns dos náufragos do «Champollion». Outros náufragos tentaram a sua sorte lançando-se ao mar para tentarem alcançar terra. E, por impossível que pareça, pereceram 'apenas', neste aparatoso acidente, 14 das pessoas que viajavam a bordo. Que eram, para além da tripulação (mais de 200 membros) 111 passageiros; entre os quais figuravam 98 peregrinos a caminho da Terra Santa. No tribunal marítimo que julgou o capitão do paquete francês (que, como determinam as leis do mar, foi o último homem a abandonar o navio), este foi ilibado de qualquer responsabilidade; por não ter cometido erros de navegação ou actos reprováveis aquando das operações de salvamento. Curiosidade : a foto anexada a este texto mostra o «Champollion» pouco tempo antes do desastre que o perdeu.

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