////////// Cruzador-couraçado da armada espanhola. Pertencente a uma classe de navios que recebeu o seu nome, o «Cardenal Cisneros» foi construído no arsenal do Ferrol (Galiza); que o lançou ao mar no dia 19 de Março de 1897. A sua integração nas listas da armada só ocorreu, porém, seis anos mais tarde, em 1903. Com um deslocamento de 7 000 toneladas, este navio media 106 metros de comprimento por 18,50 metros de boca e o seu calado era de 6,60 metros. A blindagem do seu casco (a nível da cintura) variava entre 150 e 300 mm e tinha uma espessura de 40 a 250 mm nas outras zonas protegidas. O «Cardenal Cisneros» estava equipado com 2 máquinas a vapor de tripla expansão e com 2 hélices, sistema propulsivo que lhe garantia 20 nós de velocidade máxima e uma autonomia de 6 500 milhas náuticas (com andamento reduzido). Do seu armamento principal constavam 2 canhões de 240 mm, 8 de 140 mm, 8 de 57 mm e 10 outros e 37 mm. Para além dos seus 480 homens de equipagem, este navio podia receber mais 59 elementos da infantaria de marinha. Em 1903, foi um dos navios da armada espanhola que escoltou o rei Afonso XIII na sua visita a várias cidades portuárias da Península Ibérica, entre as quais se contou a capital portuguesa. Cidade onde D. Carlos I recebeu o soberano vizinho e a sua comitiva com grande pompa e circunstância. Este navio cumpriu, no ano seguinte, missão similar ao escoltar o iate real «Giralda», em digressão pelo Mediterrâneo. Em 1905 -último ano da sua curta vida- o «Cardenal Cisneros» esteve, igualmente, envolvido nas cerimónias de recepção aos duques de Connaught, que chegaram a Cádiz no cruzador HMS «Essex» e fez parte de uma esquadra de instrução, que visitou as Canárias. Mas ainda nesse ano voltou à sua actividade diplomática, ao escoltar o navio do imperador Ghilherme II da Alemanha, durante a visita que este soberano fez ao porto de Mahon, na ilha Minorca (Baleares). Depois, o «Cisneros» alternou missões de formação com visitas de cortesia a portos estrangeiros, nomeadamente a Cherburgo (França) e Portsmouth (Grã-Bretanha), onde, uma vez mais, acompanhou o rei Afonso XIII. A 28 de Outubro desse ano, durante um exercício naval nas rias galegas, este navio de guerra espanhol chocou acidentalmente com um escolho (não cartografado) nos baixios de Meixidos, que lhe rasgou 50 metros de casco. A inundação da casa das máquinas foi inevitável e o «Cardenal Cisneros» não pôde ser salvo. Mas o naufrágio não causou vítimas. Julgado por um Conselho de Guerra, o seu comandante acabou por ser condenado a 1 ano de perda das suas funções de oficial da armada. Curiosamente, essa pena não lhe foi aplicada pelo facto de ter perdido o navio. Mas, isso sim, por ter deixado desgarrar... o livro de bordo. Em 2006, dois mergulhadores desportivos lograram encontrar os restos deste singular navio. Que recebeu o seu nome em homenagem ao cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, arcebispo de Toledo e primaz de Espanha, terceiro Inquisidor Geral e (depois da morte de Fernando de Aragão, esposo de Isabel, a Católica) regente de Castela.
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