segunda-feira, 16 de maio de 2011
«ALRAIGO»
Cargueiro de bandeira espanhola construído em 1977 nos estaleiros da Sociedad Metalúrgica Duro Felguera S. A., de Gijón, por encomenda do armador Navieras Garcia Miñaur, de Santander. Deslocava 3 605 toneladas e media 93,30 de comprimento por 13,50 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 1 máquina diesel desenvolvendo uma potência de 2 940 cv, que lhe permitia navegar à velocidade de cruzeiro de 12,5 nós. O «Alraigo» seria um navio mercante sem história (como tantos e tantos outros), se, na noite de 6 de Junho de 1983, ao largo da costa norte de Portugal, não tivesse sido o involuntário protagonista de um inaudito incidente noticiado pela imprensa do mundo inteiro. Nessa data, com efeito, o mercante espanhol, que transportava carga diversa para as Canárias, serviu de poiso a um caça-bombardeiro ‘Harrier’ da guarnição do porta-aviões HMS «Illustrious», que participava em manobras navais naquela área. Sem poder socorrer-se dos instrumentos de bordo (que avariaram) e quase sem carburante, o piloto do VTOL britânico não teve outra alternativa senão a de fazer uma aterragem forçada em cima de uns contentores transportados pelo «Alraigo». O caso gerou um pequeno conflito entre a Grã-Bretanha e a Espanha, que foi resolvido por via diplomática, depois da tripulação do cargueiro ter recebido uma recompensa vertida pelo governo britânico a título de compensação pelo incómodo. A aeronave, que prosseguiu viagem com o «Alraigo» até Santa Cruz de Tenerife, foi ali entregue à equipagem do petroleiro «British Hay», que a levou de volta para Inglaterra. Referentemente ao cargueiro espanhol, sabe-se, ainda, que mudou de proprietário e de nome umas seis ou sete vezes, antes de ter sido, presumivelmente, retirado do serviço activo. Disse-se deste navio, que, durante o seu tempo de actividade, chegou a fazer contrabando de armas a favor do regime racista sul-africano e, também, em proveito do ditador Somoza da Nicarágua.
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