quarta-feira, 10 de junho de 2015

«RUY BARBOSA»

Construído em 1913 na Alemanha, pelos estaleiros Bremer Vulkan, este navio foi lançado à água com o nome de «Bahia Laura». Pertencente à frota do armador Hamburg-Sudamerikanische Dampfs, foi destacado para a linha da América do Sul, na qual cumpriu serviço regular até Agosto de 1914. Com a eclosão da Grande Guerra e os perigos decorrentes para a navegação, este navio refugiou-se -como tantos outros mercantes dos países beligerantes- num porto neutro. Ao «Bahia Laura» coube-lhe o de Pernambuco, onde permaneceu até 1917 (Junho). Ano em que o seu arresto foi decretado pelo governo do Rio de Janeiro, que lhe deu o novo nome de «Caxias» e entregou a sua gestão provisória ao Lloyd Brasileiro. Depois de ter tirado proveito deste navio (em regime de aluguer) durante quase uma década, esta companhia de navegação adquiriu, em 1926, o antigo paquete germânico, dando-lhe o derradeiro nome de «Ruy Barbosa», em honra de um dos mais brilhantes intelectuais do Brasil, recentemente falecido. Este navio -com 9 791 toneladas de arqueação bruta e medindo 150 metros de comprimento por 18 metros de boca- operou, durante muito tempo, na linha que ligava o Brasil e o Rio da Prata à Europa (Hamburgo), com duas escalas em Portugal : Lisboa e Leixões. No dia 30 de Julho de 1934, quando, em procedência de Hamburgo, se preparava para entrar naquele porto do norte de Portugal, desviou-se da sua rota -devido a espesso nevoeiro- para ir encalhar nas Grifas, uns rochedos da praia da Arenosa, junto a Pampelido (Mindelo). O paquete, que tinha uma capacidade de transporte para 650 pessoas (incluindo 115 tripulantes), levava apenas, nesse dia, uma centena de passageiros, maioritariamente judeus fugidos às perseguições do regime hitleriano. Todos foram resgatados do navio encalhado, assim como foram salvos todos os membros da sua equipagem. Já o «Ruy Barbosa», socorrido por inúmeros navios portugueses e estrangeiros, não teve idêntica sorte, sendo considerado perda total. E por ali ficou, entregue à inclemência das ondas e dos ventos, que se encarregaram de o desmantelar. Parece que, ainda hoje, é possível observar os seus despojos a uma profundidade calculada entre os 5 e os 12 metros.

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